terça-feira, 25 de janeiro de 2011
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
NEM QUE A MORTE OS SEPARE
Indicação ao Oscar de melhor direção de arte, com Robin Williams no papel principal e roteiro adapatado por Ronald Bassa. Confesso que falar sobre o romance "Amor além da vida" exibido nas telonas em 98 não é tarefa das mais fáceis, mas vou tentar mesmo assim. Quem sabe no final do texto consigo até fazer você correr e assistir essa obra surpreendente?
Por indicação de um amigo, escolhemos o filme "Amor além da vida" para fazer uma análise na disciplina Linguagem Cinematográfica da faculdade. Assistir a obra foi uma lição prazerosa, melhor ainda foi rever as principais cenas a fim de analisar a fotografia. Bom, mas aqui a missão é outra: vamos falar um pouco sobre o roteiro.
Segundo Field, um bom texto para cinema fica invisivel depois da obra concluída, é o elemento menos visto porque o todo é mais importante. Essa qualidade é facilmente percebida na obra dirigida por Vicent Ward, um texto emocionante que se mistura com a direção de arte de uma forma que ela se torna o ponto mais notável para o público. O filme conta a história de Chris e Annie, protagonizados por Robin Williams e Annabella Sciorra, um casal que perde os filhos em um acidente automobilistico.
O processo de recuperação é longo para Annie e se torna ainda mais doloroso depois da morte do esposo, quatro anos depois da primeira tragédia. Depois desse epsódio, a narrativa se passa em um mundo incrível, onde cada individuo constrói sua forma e seu lar por meio dos desejos que teve em vida. Neste paraíso Chris encontra com seus filhos e outros amigos que havia perdido.
Durante todo o filme, é notável o talento de Richard Matheson em escrever romances (o escritor é responsável pelo livro que foi adaptado para o cinema por Ronald Bassa). Annie não se recupera da depressão e comete suicídio, mas ter se matado não permite a ela o encontro com Chris no paraíso e ela vai para outro lugar, tão sombrio e triste como o mundo real em que vivia.
A frase "até que a morte os separe" não é muito levada a sério por Chris, que ao saber do suicídio da esposa faz de tudo para reencontrá-la, mesmo que para isso seja necessário abandonar seu belo mundo e atravessar o inferno. Essa saga, assim como todo a história, acontece em cenários deslumbrantes que ilustram os sentimentos dos personagens. Nas cenas abaixo é claramente percebida a definição das cores baseada no objetivo de cada cena.
Ao encontrar Annie em seu mundo preto e branco, Chris se depara com um desafio ainda mais difícil que o caminho que fez. É necessário agora convencer sua esposa de que o isolamento não é o meio ideal para se recuperar e que ela precisa se libertar para encontrar com a família novamente. A ausência de cor nesta cena representa o oposto ao que Annie gostaria de viver, o ambiente sem vida seria um castigo por ela ter cometido um suicídio.
Essa obra prova como é possível dissolver um bom roteiro e deixá-lo imperceptível em meio a uma fotografia encantadora. Durante a conversa com sua esposa, Chris relembra alguns momentos de felicidade ao lado da amada e a convence de que a liberdade a faria bem. A narrativa se encerra com o reencontro de toda a família em mais um belo cenário e dessa vez com direito a tons vermelhos.
Rhayda Nascimento Rufino